Museu das Águas Brasileiras

Photo1(left): River Bath. By Marco Jacob.
Photo2(top-right): The flight of the scarlet macaw. By CarolPrange.
Photo3(bottom-right): Chuveirinho. By Carol Prange.

Museu das
Águas
Brasileiras

Projeto institucional interdisciplinar da Universidade Federal do Tocantins (UFT)

Introdução

O Museu das Águas Brasileiras é um projeto institucional interdisciplinar da Universidade Federal do Tocantins (UFT) que tem como objetivo aproximar o público dos temas relacionados à água enquanto elemento essencial para a vida não somente em termos biológicos, mas também culturais e sociais – como herança dos nossos ancestrais e patrimônio que será deixado aos nossos descendentes. Em outras palavras, é uma iniciativa que visa divulgar informações socioecológicas e as melhores práticas de gestão da água para públicos científicos e não científicos.

Localização Estratégica

A localização do Museu no Estado do Tocantins é estratégica por se tratar de uma região contida por dois grandes afluentes do rio Amazonas (rios Tocantins e Araguaia), com ecossistemas e reservas hídricas (inclusive subterrâneas) pródigas, mas ameaçadas, principalmente pelo avanço do agronegócio e da mineração, e uma população urbana em expansão. Nesse contexto, o Museu pretende lidar com os legados do desenvolvimento e os desafios hidroecológicos emergentes, concentrando-se na realidade vivida pela grande população urbana e rural de baixa renda, incluindo afrodescendentes e povos indígenas.

Missão Ética

A principal missão ética do Museu é apoiar a educação sobre a água e mudar percepções, atitudes e comportamentos equivocados em relação a essa temática com o desenvolvimento de programas educativos que enfatizem a necessidade urgente de estabelecer uma nova relação entre os grupos sociais e o resto da sociedade mediada por complexos fluxos de água.

Acquiring fluency in the language of water Valcir Sumekwa Xerente. Photo By: Heber Gracio.

Histórico

Criado em maio de 2023 como um espaço virtual, este é o primeiro museu brasileiro a integrar a Rede Internacional de Museus da Água (WAMU-NET) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Contexto e Sustentabilidade

O Museu foi lançado num contexto onde a sustentabilidade da água é um conceito em evolução que, nas últimas décadas, tem incorporado gradualmente um manancial de conhecimentos teóricos e práticos. Em particular, o significado da gestão sustentável da água passou de um foco estreito na eficiência dos recursos para uma consideração mais ampla das exigências institucionais e da interação entre diferentes grupos sociais.

Objetivos

Em consonância com os objetivos da WAMU-NET, o museu pretende inspirar ações de proteção e de gestão sustentável, bem como fortalecer o processo educativo e de formação em relação à água por meio de atividades inerentes à Instituição UFT, como o ensino, a pesquisa e a extensão. Esse processo será fomentado pela implementação de atividades para promoção e disseminação da cultura, do conhecimento e de práticas que contribuam para a melhor gestão desse recurso limitado no planeta.

Compromisso com a Agenda 2030

O Museu da Água da UFT também está comprometido em apoiar a implementação da Resolução nº XXIII-5 endossada em junho de 2018 pela Comissão Intergovernamental do Conselho da Unesco-IHP (Programa Hidrológico Internacional) e da Resolução nº 7-XXIV, que são intrínsecas ao cumprimento da Agenda 2030 (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Desafios e Perspectivas

O conflito entre interesses na gestão da água é particularmente desafiador para as áreas em desenvolvimento dos trópicos e na Amazônia. Como parte deste debate mais amplo sobre como operacionalizar a sustentabilidade da água, o Museu das Águas Brasileiras irá catalogar e divulgar elementos-chave do sistema hídrico que podem oferecer insights úteis sobre os dilemas e desafios da sustentabilidade dos produtos. Este é um passo crucial para reconectar as pessoas com as dimensões do património material e imaterial relacionadas com a água, incluindo as dimensões sociais, regulamentares, económicas, culturais, ecológicas, artísticas e espirituais.

Principais Objetivos

O Museu tem como objetivo inspirar a elevação do valor educativo e a produção do conhecimento gerado, diretamente, proporcionando à população, na forma de expansão e desenvolvimento do capital humano, e transmitindo noções de cidadania e pertencimento baseadas em valores locais, associados à gestão da água, gerando impactos de longo prazo nas comunidades e ações de conservação e proteção da água.

Atividades

EIXOOBJETTIVOSAÇÕES
1. Valor Educativo da Água e Produção de Conhecimento (Educação e Formação)Contribuir para a formação social, educativa e cultural, incluindo áreas remotas e situações austeras.Acompanhamento;
Apoio Escolar;
Programas Comunitários;
Orientações de Estágio;
Cursos, seminários, simpósios, fóruns e conferências
2. Valor SimbólicoPromover a percepção dos processos culturais também como geradores de riqueza social.Exposições;
Construção de acervos materais;
Promoção de concursos que expressem a cultura local, regional e nacional.
3. Promoção da Divulgação do AcervoEstabelecimento da circulação de coleções entre Museus, como possibilidade de dinamização das atividades.Parcerias firmadas entre museus e intercâmbio de acervos.

Por que um museu da água?

Os desafios da crescente escassez de água, esgotamento de recursos, poluição, desertificação, derretimento de geleiras e padrões interrompidos de inundações e secas como resultado da mudança climática, juntamente com declínios sem precedentes na diversidade biológica e cultural e o dramático deslocamento de populações humanas, não podem ser resolvido apenas através de abordagens tecnocráticas.

Nas últimas décadas, essas abordagens unidimensionais conceberam e usaram a água principalmente como um meio de apoiar o desenvolvimento econômico ‘a todo custo’. No entanto, as pesadas consequências de tal modelo de desenvolvimento são testemunhadas pela dramática poluição de todos os aquíferos e ecossistemas de água doce em todo o mundo. O valor da água não pode ser reduzido apenas ao seu preço, ou ‘custo’.

Em contextos altamente antropizados, testemunhamos como o ciclo hidrológico natural tem se tornado cada vez mais ‘invisível’ e simultaneamente distante da consciência das pessoas. Esta condição tornou os múltiplos patrimônios e valores relacionados à água mais vulneráveis ​​do que nunca.

Hoje há uma necessidade urgente de promover perspectivas inovadoras, transdisciplinares e holísticas para superar abordagens técnicas indevidamente estreitas que provaram ser uma resposta inadequada aos desafios da crise global da água. Neste contexto, os museus desempenham um papel fundamental para abrir caminho para a mudança de paradigma e construir uma ‘nova cultura da água’. Juntos, os museus podem promover conexões mais fortes com os mais diversos ‘mundos aquáticos’ que as sociedades de consumo tendem a esquecer e obliterar. WAMU-NET visa consolidar a cooperação com essas instituições em todo o mundo.

Conselho Diretor

Marcela Bianchessi da Cunha Santino

é bióloga, professora Associada IV da Universidade Federal de São Carlos. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: Limnologia, macrófitas aquáticas, decomposição, produção primária e modelagem matemática. Também, atua, na elaboração de material didático para divulgação científica

Liliana Pena Naval

É diretora do Museu das Águas Brasileiras (UFT) e professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente. Atua na área das Ciências Ambientais, com pesquisas voltadas para o controle da poluição, saneamento ambiental e reuso de águas residuárias. Compôs a coordenação de Área em Ciências Ambientais da CAPES (2018–2023). Foi Diretora de Relações Internacionais da UFT, coordenou a proposta de um MINTER (UFT e UFRGS/IPH) em Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos, e do PPG em Ciências do Ambiente (UFT). Esteve como representante brasileira do Proyecto Movilidad-MERCOSUR, atuou como Presidente da seção Tocantins da ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), secretariou a FAUBAI (Associação Brasileira de Educação Internacional). Coordenou e participou de diversos projetos inanciados por agências como CAPES, FINEP e CNPq. Atuou como avaliadora do PEC-G e PEC-PG (Programa de Estudantes-Convênio de Graduação e Pós-graduação) MEC e MRE.

Natália Tsuyama Cócolo

é especialista em políticas públicas, ativista socioambiental e defensora do Cerrado. Atua com justiça climática, juventude e igualdade de gênero, integrando redes internacionais como o Engajamundo, Global Shapers Community e a Coalizão de Ação Feminista pela Justiça Climática da ONU Mulheres. Já representou a juventude brasileira na Conferência da Água da ONU e será integrante da delegação para a COP30. Atualmente, é conselheira do COMJUVE BH, ponto focal da Casa Cerrado e articuladora de projetos voltados à participação juvenil em espaços de governança hídrica.

Avanilson Karajá

Coordenador tesoureiro da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), engenheiro ambiental pela Universidade Federal do Tocantins (UFT); possui formação em Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI). Foi presidente da União dos Estudantes Indígenas do Tocantins (Uneit), vice-coordenador da Rede Cerrado, conselheiro do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema); conselheiro do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena (Ceei); Assessor de Distrito Sanitário de Saúde Indígena (DSEI); secretário executivo do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi); diretor de Articulação da Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (Arpit); conselheiro do Conselho Deliberativo e Fiscal (Condef) da Coiab no período de 2018-2022, Conselheiro do Conselho Nacional de Meio Ambiental (CONAMA) e conselheiro do Tocantins no Podáali - Fundo Indígena da Amazônia Brasileira. Atualmente é Diretor de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas (DEMED/MPI)

Henrique dos Santos Pereira

Professor titular e ex Assessor Especial de Relações Internacionais (2021-2023) da Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Diretor (2023 - 2027), docente e pesquisador convidado do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA. Ex-Presidente (2017-2019) e ex-Secretário executivo (2019-2023) da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade - ANPPAS. Ex-Superintendente Estadual do Instituto Brasileiros de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA para o estado do Amazonas (2003-2009). Coordenador temático da área de ecologia do Instituto Acariquara. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências Agronômica. Membro do Comitê Científico Metodológico - CCM da Política Estadual de Serviços Ambientais do Amazonas. Diretor Nacional do Centro Francobrasileiro da Biodiversidade Amazônica (2024-presente). Vice-presidente da Rede Rede Amazônica para Pesquisa e Inovação em Biodiversidade (2024 - presente). Tem experiência na área de Agronomia e Ciências Ambientais, atuando principalmente nos seguintes temas: gestão ambiental pública, manejo de recursos naturais de uso coletivo, áreas protegidas, agricultura familiar e comunidades tradicionais.

Tomás Bastos Ramos

Professor de Avaliação e Planeamento da Sustentabilidade na Universidade NOVA de Lisboa e investigador sénior no CENSE – Centro de Investigação Ambiental e Sustentabilidade. Atua nas áreas de avaliação e gestão da sustentabilidade, indicadores, economia circular, avaliação de impacto, setor público e engajamento de stakeholders. Está istado entre os World’s Top 2% Scientists pela Universidade de Stanford. Possui experiência internacional como professor/investigador visitante em instituições na China, Brasil, Reino Unido, Espanha, Índia, Equador, EUA e Angola. É Editor Executivo do Journal of Cleaner Production (Elsevier) e Editor-Chefe da Cleaner Production Letters, além de integrar conselhos editoriais de periódicos como Sustainable Development e Business Strategy and Development. Coordenou e participou de diversos projetos internacionais financiados por agências como Comissão Europeia, OCDE e FAPESP. Foi presidente da ISDRS Conference 2016 e atuou no Conselho da Sociedade Internacional de Pesquisa em Desenvolvimento Sustentável (ISDRS), na Ordem dos Engenheiros de Portugal e na Associação Portuguesa de Engenharia do Ambiente.

Kellen Lagares Ferreitra Silva

Professora Associada da Universidade Federal do Tocantins (UFT), atua como Diretora de Pós-Graduação na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da instituição. É coordenadora do Grupo de Pesquisa em Ciências Ambientais da UFT (CNPq) e vice-coordenadora do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Agrotóxicos (NEPEA). Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente da UFT entre 2018 e 2024. Sua atividade de pesquisa está centrada na conservação de espécies da flora e fauna, sustentabilidade dos bens naturais e nos impactos socioambientais do uso de agroquímicos, com ênfase na interação entre seres humanos e o meio ambiente. É representante suplente do CRBio-04 no Fórum Tocantinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, vinculado ao Ministério Público do Estado do Tocantins, atuando na formulação de estratégias voltadas à preservação ambiental e à proteção da saúde pública. Seus projetos são financiados por instituições como CAPES, UFT e Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (FAPT), tendo sido bolsista de produtividade da FAPT no quadriênio 2022–2024. Em reconhecimento à sua trajetória acadêmica e científica, foi homenageada pela Pró-Reitoria de Pesquisa da UFT, em 2023, durante as comemorações de aniversário da universidade, como representante das mulheres que fazem ciência na instituição.

Wania Duleba

Professora da Universidade de São Paulo (EACH/USP) no Programa de Pós-graduação em Sustentabilidade (PPgSUS) e nos cursos de Bacharelado em Biotecnologia e de Licenciatura em Ciências da Natureza. Atuou como Vice-coordenadora (2016-2018) e Coordenadora (2018-2020) do PPgSUS (EACH/USP). Participou do Fullbright Program (2014-2016), onde foi pesquisadora visitante no 1) Department of Atmospheric Sciences, University of Arizona, 2) Department of Geology and Geophysics, Woods Hole Oceanographic Institution e 3) National Center for Atmospheric Research. Também foi pesquisadora visitante no Institut de recherche pour le développement (IRD), Paris (2011) e no IODP Kochi Core Center, Japão (2015). Participou de diversos projetos e expedições científicas na Antártica, nos oceanos Índico (Expedição 354 Bengal Fan, CAPES-IODP), Atlântico e Pacífico (América Central, El Salvador), atuando nas áreas de avaliação de regiões marinhas impactadas, reconstituição paleoambiental, mudanças climáticas e diplomacia ambiental. Foi pesquisadora chefe da equipe de oceanografia, nos navios Ary Rongel e Almirante Maximiano, durante as Operações Antárticas 29, 30,31, 32, 33. Atualmente é coordenadora do Hub Lusófono Década do Oceano - USP (UNESCO/CPLP) e do grupo de pesquisa de Diplomacia Ambiental do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE).

Eliseu Xumxum

Eliseu Xumxum Quilombola é ativista e defensor dos direitos dos quilombolas, além de presidente do Quilombo Urbano do Capão Negro.